O começo e os fins
por Caroline Stampone De um lado do mundo chove, do outro não. As coisas sempre são assim. Precisam começar em algum lado. Também têm que terminar? Nem sempre terminam onde começam. E as vezes não terminam... ou será que é a gente que não vê o fim? Hoje o mundo foi a casa. Pela janela da sala já era possível ver a chuva. Da janela da cozinha o cenário era cinza, sem nenhuma gota. Cedo ou tarde ia chover no mundo inteiro. Cedo demais eu fiquei, sozinha, metida dentro da casa. Já era tarde quando senti falta dos outros. Abri a boca mas já não sabia a língua deles Abri os braços, mas já não sabia caber em abraço algum repeti o fechar-me no quarto gastei-me com peninha de mim engordei o vazio que carregava ressenti e quis que chovesse do outro lado do mundo choveu dentro de mim temporal que deu voltas no meu besuntado e pesado eu lembrei que começo a gente só tem um depois? depois é só um monte de pequenas mortes cada encontro, cada desencontro, cada amor, cada