o silêncio_ outra das minhas obsessões

por Caroline Stampone 


Ontem comecei a escrever sobre os meus contos de gaveta, foi entäo que percebi que o silêncio é outra das minhas obsessões.
Não sei como demorei tanto a dar por ele. O fato é que está sempre presente no que vomito. Não importa se o processo do exercício de escrita tenha sido vômito, costura, lapidação, provocação, procura ou esconde esconde. O silêncio está sempre no chão da escritora.
O silêncio do menino que quer falar, mas, que aprendeu a engolir perguntas cedo demais. Acabou por querer dizer tanta coisa.
O silêncio do vaso, companheiro do homem que queria fugir do progresso. O vaso que sabia cantar silêncio. Mas, desaprendeu. 
O silêncio de dois, escancarado já no título. Silêncio que primeiro uniu, mas, que transformou-se. Por fim, acabou por distanciá-los de tal modo, um do outro e de si mesmos, que desaprenderam a querer.
Silêncio amado, silêncio odiado, silêncio procurado, silêncio que chega sem convite. Silêncio do qual não se escapa.


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