amar a vida
ondas vem e vão
não explicam-se
nem a mim nem a ninguém
exausta, desiludida ela encara o mar
despe-se das máscaras todas
nua, ela fita o mar como quem implora por um último segredo
'amar a vida' alguém sussurra
'é tarefa de loucos'
ela ri, veste-se de conchas, pedras e folhas
e retorna à um passado esquecido
onde vive aquela versão menina dela
que ainda sabe fazer a loucura que é amar a vida
ela lembra das tardes sem fim
regadas a café, pão de queijo e as estórias de Lygia
tem vontade de abrir um caderno velho
em que a menina vomitava verdades passageiras e copiava pedaços de estórias
"não cortaremos os pulsos, ao contrário, costuraremos com linha dupla todas as feridas abertas"
Ligya mais uma vez lembrava a menina que vivia dentro dela de que sim, é preciso amar a vida
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